Nova autópsia revela que Juliana Marins pode ter sofrido antes da morte em trilha na Indonésia
- Deyse Melo
- 9 de jul.
- 3 min de leitura
Peritos brasileiros apontam que jovem pode ter vivido “sofrimento físico e psíquico” antes da queda fatal. Estado do corpo dificultou definição do momento da morte.

Uma nova perícia realizada no corpo da brasileira Juliana Marins, de 33 anos, trouxe à tona informações impactantes sobre os momentos que antecederam sua morte no Monte Rinjani, na Indonésia. Segundo laudo do Instituto Médico-Legal (IML) do Rio de Janeiro, divulgado pela Polícia Civil na noite desta terça-feira (8), Juliana pode ter passado por um período de “sofrimento físico e psíquico” antes de sofrer o impacto fatal.
O exame foi realizado após o corpo da jovem ser repatriado, seis dias depois de ter sido localizado na encosta da montanha. O laudo confirma que Juliana morreu em decorrência de múltiplos traumas provocados por uma queda de grande altura. No entanto, a equipe de legistas destacou que não foi possível determinar o horário exato da morte, já que o corpo chegou ao Brasil já embalsamado.
Um trecho do documento indica que a brasileira pode ter experimentado momentos de agonia antes da queda:
“Pode ter havido um período agonal antes da queda fatal, gerando sofrimento físico e psíquico, com intenso estresse endócrino, metabólico e imunológico ao trauma”, afirmaram os especialistas.
O impacto comprometeu diversos órgãos vitais — incluindo crânio, tórax, abdome, pelve, membros e coluna vertebral. O laudo também observou que o corpo apresentava sinais de deslocamento após o impacto, o que pode ter sido causado pela inclinação do terreno.
Outros fatores, como estresse elevado, isolamento e as condições adversas da montanha, podem ter deixado Juliana desorientada. Lesões musculares e ressecamento ocular também foram identificados, mas os peritos não encontraram indícios de desnutrição, exaustão severa ou consumo de substâncias ilícitas.
Família questiona possível negligência
A nova autópsia foi solicitada pela família após dúvidas levantadas em relação à certidão de óbito emitida pelas autoridades indonésias. Eles alegam falta de clareza quanto ao momento exato da morte e ressaltam que Juliana só foi resgatada quatro dias após a queda.
Os familiares chegaram a questionar se a demora no socorro pode ter contribuído para a morte da jovem, mas os peritos brasileiros afirmaram que o estado do corpo prejudica uma análise conclusiva sobre essa possibilidade.
O que diz a primeira autópsia feita na Indonésia
Segundo o legista indonésio Ida Bagus Putu Alit, Juliana sofreu um "trauma torácico grave" após cair pela segunda vez na encosta do Monte Rinjani. A análise aponta que, além da hemorragia interna, a brasileira apresentava ferimentos na cabeça, fraturas na coluna vertebral, nas coxas e múltiplas escoriações.
O especialista descartou hipotermia como causa da morte, mesmo com as temperaturas noturnas próximas de 0 ºC e o fato de Juliana estar apenas com calça e blusa, sem roupas térmicas. Para ele, a ausência de sinais clássicos, como necrose nas extremidades, confirma essa conclusão.
Segundo o legista, Juliana permaneceu ferida por cerca de quatro dias antes de morrer.“De acordo com meus cálculos, a vítima morreu na quarta-feira, 25 de junho, entre 1h e 13h [14h do dia 24 e 2h do dia 25, no horário de Brasília]”, declarou à BBC News.
O corpo da brasileira foi retirado do local após cerca de sete horas de operação, envolvendo socorristas e voluntários, e só então foi possível confirmar a morte oficialmente. "Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu", disse a família em nota, após dias de angústia e esperança.
Quem era Juliana Marins
Natural de Niterói (RJ), Juliana era formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e também se dedicava à dança, especialmente ao pole dance. A jovem viajava sozinha pela Ásia desde fevereiro e já havia passado por países como Filipinas, Vietnã e Tailândia antes de chegar à Indonésia.
Sua história comoveu o país e levantou importantes questionamentos sobre a segurança e estrutura para turistas em trilhas internacionais.
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