Brasileira desaparecida na Indonésia: buscas por Juliana Marins são suspensas por mau tempo e família contesta versão oficial
- Deyse Melo

- 22 de jun.
- 3 min de leitura
Suspensão das buscas por causa do mau tempo aumenta a angústia da família, que denuncia abandono, contesta versão oficial do resgate e cobra ação do governo brasileiro.

As buscas pela brasileira Juliana Marins, de 26 anos, desaparecida desde o último sábado (21) após cair durante uma trilha no vulcão Rinjani, em Lombok, na Indonésia, foram oficialmente suspensas neste domingo (22). A interrupção ocorreu por conta das condições climáticas severas na região, com forte neblina e ventos intensos. A informação foi divulgada pela irmã da jovem, Mariana Marins, que acompanha o caso do Brasil.
“As buscas de hoje foram oficialmente canceladas. Juliana segue desaparecida”, relatou Mariana em mensagem encaminhada a familiares e apoiadores.
De acordo com informações repassadas à família, duas equipes de resgate seguem no local e passarão a noite no acampamento Cater Rim Sembalun. As buscas devem ser retomadas na manhã de segunda-feira (23), no horário local. O uso de helicóptero para resgate foi descartado por enquanto, devido ao alto risco na região do penhasco onde a jovem teria caído.
“A única forma de o helicóptero ajudar seria se a vítima já estivesse em um ponto seguro, como o acampamento”, informou uma das equipes envolvidas na operação.
Juliana desapareceu durante a madrugada do sábado (21), no horário local, após uma queda de aproximadamente 300 metros enquanto realizava uma trilha com o apoio de uma empresa de turismo. Ela foi localizada por turistas com a ajuda de um drone, mas as equipes de resgate ainda não conseguiram alcançá-la.
Família contesta informações oficiais
Mais cedo, a família de Juliana desmentiu as informações divulgadas pelas autoridades indonésias e pela Embaixada do Brasil em Jacarta, que afirmavam que a jovem já teria recebido alimentos, água e agasalho. Segundo Mariana, isso não corresponde à realidade.
"Recebemos, com muita preocupação e apreensão, que não é verdadeira a informação de que a equipe de resgate levou comida, água e agasalho para a Juliana. A informação que temos é que até agora não conseguiram chegar até ela, pois as cordas não tinham tamanho suficiente, além da baixa visibilidade", afirmou a irmã.
Mariana também criticou vídeos divulgados como sendo do momento do resgate. “Todos os vídeos que foram feitos são mentiras, inclusive o do resgate chegando nela. O vídeo foi forjado para parecer isso, junto com essa mensagem associada a ele", denunciou.
Juliana foi vista pela última vez por volta das 17h30 (horário local) do sábado, em imagens captadas por turistas utilizando um drone. A família confirma a veracidade dessas imagens, nas quais ela aparece caída em uma encosta.
Relato de negligência
Em postagem nas redes sociais, Mariana detalhou as circunstâncias da queda. Juliana estaria acompanhada por um grupo de cinco pessoas e um guia local. No segundo dia da trilha, sentindo-se exausta, a jovem teria informado que não conseguiria continuar.
"O guia falou: 'então descansa' e seguiu viagem. A gente tinha recebido a informação que o guia tinha ficado com ela, que ela tinha tropeçado e caído. Não foi isso que aconteceu”, explicou Mariana.
Ela acusa o guia de ter abandonado a irmã sozinha na trilha: “O guia só seguiu viagem para chegar até o cume. A gente só tem essas informações de mídia local. Juliana ficou desesperada porque ninguém mais voltou e caiu. Abandonaram Juliana".
Pai critica autoridades brasileiras
O pai da jovem, Manoel Marins, também se manifestou, lamentando a falta de apoio por parte do governo brasileiro.
“A gente não sabe onde ela está. As autoridades não chegaram até ela. Ela não recebeu água, não recebeu comida. Ela está sozinha há mais de 36 horas e parece que agora eles nem sabem onde ela está", afirmou à TV Globo.
“A embaixada não está dando apoio algum. O governo brasileiro, que nós tentamos contato, também não está nos ajudando. Isso é muito triste e muito grave. É uma menina de 26 anos, cidadã brasileira, e ninguém, com exceção de familiares e amigos, estão se importando", protestou Manoel.
Quem é Juliana Marins?
Natural de Niterói (RJ), Juliana é formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e atua também como dançarina de pole dance. Desde fevereiro, ela realizava um mochilão pela Ásia, tendo passado por países como Filipinas, Vietnã e Tailândia, antes de chegar à Indonésia.
A jovem compartilhava registros da viagem nas redes sociais, onde mantinha contato com amigos e seguidores. O acidente interrompeu bruscamente essa jornada, e agora, a busca por respostas e por sua segurança mobiliza familiares e internautas no Brasil e no exterior.












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