Padre Fábio de Melo é denunciado ao Vaticano após polêmica com ex-gerente de cafeteria
- Deyse Melo

- 18 de jun.
- 3 min de leitura
Religioso é acusado por bispo de não agir com postura cristã; ex-funcionário que perdeu o emprego entrou com processo e diz sofrer depressão após exposição nas redes.

O desentendimento entre o padre Fábio de Melo e o ex-gerente de uma unidade da cafeteria Havanna em Joinville (SC) ganhou novos desdobramentos e chegou até os altos escalões da Igreja Católica. A situação, que teve início com uma publicação nas redes sociais, levou um bispo de Santa Catarina a registrar uma queixa formal contra o religioso junto à Congregação para a Doutrina da Fé, órgão do Vaticano responsável por investigar condutas de membros do clero.
Segundo o colunista Ricardo Feltrin, a denúncia alega que o comportamento do padre não teria sido compatível com os princípios cristãos ao lidar com Jair José Aguiar da Rosa, funcionário demitido após o episódio. Embora não haja punição grave, a ação disciplinar deixa um “registro manchado” no histórico do padre Fábio.
A briga que virou processo
O caso não se limitou às instâncias religiosas. O ex-gerente da cafeteria entrou com uma ação judicial contra o padre Fábio de Melo e contra a empresa Havanna. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Turismo, Hospitalidade e de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sitratuh), já foi movida uma ação cível contra o religioso e está em andamento uma ação trabalhista contra a marca.
“A ação cível contra o influenciador religioso já foi distribuída e está em trâmite para ingresso da ação trabalhista contra a empresa, que, na tentativa de se blindar da repercussão do vídeo, acabou jogando toda a culpabilidade para cima do empregado”, afirmou o advogado Eduardo Tocilo em publicação no Instagram.
Desabafo emocionado
Em entrevista ao programa Tá na Hora, do SBT, no último dia 29 de maio, Jair relatou o impacto emocional que tem sofrido desde que foi demitido. Ele afirma que não interagiu diretamente com o padre durante o episódio que viralizou.
“Eu queria que ele explicasse por que fez isso comigo. Porque, como é visto nas câmeras de segurança, em momento algum eu falo com ele. Na verdade, quem questiona sobre esse doce de leite nem é o padre, é um cara bombadinho, bem fortinho, de regatinha vermelha. Ninguém chamou o padre. Não falei com ele nem ele falou comigo”, afirmou.
Emocionado, o ex-gerente revelou as consequências do episódio em sua vida pessoal: “Minha vida está virada, ainda não consegui absorver tudo isso. Fui obrigado a trancar a faculdade porque estou entrando em depressão. Fui diagnosticado com três síndromes diferentes, porque a exposição foi muito grande”.
Ele ainda declarou temer sair às ruas: “Tenho muito medo de sair na rua. A vergonha é muito grande”.
O que diz o padre
Em nota enviada ao programa, padre Fábio de Melo se posicionou sobre o caso e destacou seu compromisso com a fé e com os ensinamentos cristãos.
“Nunca, em tempo algum, levantei minha voz ou minha ação com intuito de ferir ou prejudicar quem quer que fosse. Não carrego em mim a intenção da maldade, tampouco alimento o desejo de vingança ou revide”.
Ele também criticou os julgamentos precipitados promovidos nas redes sociais:“Vivemos tempo difíceis, em que a verdade, muitas vezes, é soterrada pelo barulho dos julgamentos precipitados, pela crueldade das redes sociais, pelos tribunais da internet, onde raramente se permite defesa”.
E concluiu:“Se, em algum momento, minha postura, minha fala ou minha presença causaram dor a alguém, quero aqui reafirmar, com humildade: estendo a mão não para julgar, mas para acolher; não para me eximir, mas para dialogar. Porque assim me ensinou Cristo. O amor é sempre a se oferecer e perdoar. Sigo comprometido com minha missão e em paz com a consciência tranquila de quem vive para servir”.
O caso segue repercutindo tanto no âmbito religioso quanto jurídico e promete novos capítulos nos próximos meses. A Congregação para a Doutrina da Fé, criada em 1542, teve como função original julgar hereges durante a Inquisição. Atualmente, trata de denúncias envolvendo religiosos, que podem incluir desvios de conduta, abusos, entre outros. O papa Bento 16, antes de assumir o pontificado, chefiava o órgão.












Comentários