Léo Lins é condenado a mais de 8 anos de prisão por piadas consideradas discriminatórias e discurso de ódio
- Deyse Melo
- há 1 dia
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Atualizado: há 12 horas
Juíza afirma que Léo Lins usou o humor para propagar preconceitos e impõe pena sem direito a alternativas ou regime semiaberto.

A Justiça de São Paulo condenou o humorista Léo Lins a oito anos, três meses e nove dias de prisão em regime fechado por crimes de discriminação e discurso de ódio. A sentença foi proferida pela juíza Barbara de Lima Iseppi, da 3ª Vara Criminal, e determina ainda o pagamento de 39 dias-multa, estipulados em trinta salários mínimos por dia.
A decisão judicial, assinada no último dia 30 de maio, afirma que o artista utilizou o humor como veículo para "propagar preconceitos" e "reforçar estigmas contra minorias e grupos vulneráveis". O processo teve origem em uma denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, com base em trechos do espetáculo “Perturbador”, divulgado nas redes sociais e que, antes de ser retirado do ar, havia acumulado cerca de três milhões de visualizações no YouTube.
Durante o show, Léo Lins fez piadas dirigidas a diferentes grupos sociais, como negros, indígenas, pessoas com deficiência, judeus, evangélicos, homossexuais e nordestinos. Os vídeos, anexados ao processo como provas, foram analisados por peritos dos Ministérios Públicos Federal e Estadual.
A sentença descreve que as falas do comediante “humilham, constrangem e perpetuam discursos de exclusão e opressão”, mesmo sob a justificativa de que seriam parte de uma apresentação humorística. A juíza rejeitou a tese da defesa de que se tratava de uma performance artística protegida pela liberdade de expressão:
“O exercício da liberdade de expressão não é absoluto nem ilimitado”, escreveu.
Ela também destacou a gravidade do chamado “racismo recreativo”, prática que disfarça agressões sob a roupagem do humor:“Se tiver algum anão aqui, no final do show a gente estoura. Mais um processo! Pelo menos vai ser pequenas causas”, ironizou Léo Lins durante a apresentação, frase destacada na decisão como evidência da ciência do réu sobre a natureza possivelmente criminosa de seu conteúdo.
A Justiça considerou que o fato de o espetáculo ter sido disponibilizado online retirou qualquer alegação de que o conteúdo foi restrito ao ambiente teatral, tornando-o acessível ao público em geral. A defesa argumentou que Léo interpretava um personagem fictício e que suas piadas buscavam a inclusão dos grupos mencionados. Testemunhas afirmaram não terem se sentido ofendidas. No entanto, a juíza reforçou que os crimes julgados são formais e independem da existência de vítimas específicas.
Por fim, a magistrada ressaltou que Lins utilizou os conteúdos discriminatórios como fonte de renda, lucrando com a monetização dos vídeos.Dessa forma, a pena imposta não poderá ser substituída por medidas alternativas e o início do cumprimento deverá ser em regime fechado, sem a possibilidade de semiaberto. Repercussão No instagram, muitos seguidores se monstraram indignados com a condenação."Fiz um vídeo nao apenas em sua defesa, mas em NOSSA DEFESA, pq estamos no mesmo barco mano. Existe piada boa e piada ruim. Mas é PIADA! É ambiente de piada… é um show… assistam aos vídeos. NINGUEM É OBRIGADO A IR, VAI QUEM QUER… E AINDA PAGA INGRESSO! Essa é a merda… nosso país leva a sério PIADAS DE HUMORISTAS EM SEUS SHOWS, e leva na brincadeira o que POLITICOS FAZEM COM NOSSO PAÍS NOS SEUS GABINETES! É ABSURDO! VERGONHAAAA"disse o humorista cristão Jonathan Nemmer. "Esse país acabou", comentou outro seguidor. "Apologia ao crime-ok. Roubar bilhões dos idosos-ok. Fazer piada- 8 anos de prisão" disse mais um.
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